Fortalecer a relação: Dicas para a relação durante a gravidez e após o parto

Dicas para a relação durante a gravidez e após o parto

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Como podem compreender-se melhor e evitar conflitos

  • A gravidez é um período muito especial e também desafiante para ambos na relação. Enquanto a mulher vive de forma direta todas as mudanças físicas e emocionais, o homem pode, por vezes, sentir-se um pouco “de fora” e olhar para esta fase a partir de outra perspetiva.
  • Ainda assim, o companheiro tem um papel importante tanto durante a gravidez como após o nascimento. Com compreensão, comunicação e uma integração carinhosa, podem aproveitar este momento para fortalecer a relação. Isto também se aplica ao período após o nascimento e aos primeiros tempos enquanto pais.
  • Aqui encontra sugestões sobre aquilo que a mulher pode fazer pela sua relação.


Mudança de perspetiva: É assim que o homem olha para uma gravidez

Quando tudo ainda é abstrato e pouco palpável

Para muitos homens, uma gravidez é, sobretudo no início, algo ainda muito abstracto — seja ela planeada ou inesperada. Como não vivem as mudanças diretamente no próprio corpo, pode ser difícil compreenderem de imediato o que está a acontecer. Isso é perfeitamente natural e, até entre mulheres, pode acontecer antes de surgirem sinais físicos claros da gravidez.

Enquanto a mulher vai entrando cada vez mais intensamente neste novo estado — pelas sensações físicas, pelo crescimento da barriga e pelas primeiras movimentações da criança — ao homem falta essa experiência direta. Muitas vezes, ele precisa de outros estímulos para criar uma ligação emocional ao bebé. A mulher, por sua vez, desenvolve essa ligação mais cedo, porque sente a gravidez de forma muito íntima através do próprio corpo. É uma diferença natural entre homem e mulher.

Por isso, o comportamento do companheiro pode, num primeiro momento, parecer pouco compreensível ou até algo distante. Mas, na maioria das vezes, trata-se simplesmente de insegurança: ele pode não saber bem como lidar com a gravidez, nem como se posicionar ao lado de uma mulher que está a viver sensações tão diferentes das suas.

Apesar disso, também o futuro pai pode encontrar um caminho emocional para a gravidez e para a criança. Um momento-chave para muitos homens é a primeira ecografia. De repente, torna-se visível: ali está a crescer um pequeno ser humano. Muitos homens começam então a interessar-se especialmente por dados concretos, como o tamanho ou o peso da criança. Informações como estas ajudam a tornar o que parecia distante mais palpável — e facilitam a criação de uma ligação afetiva ao bebé.


Dicas para a relação:

  • Integrar conscientemente o companheiro na gravidez pode fazer uma grande diferença. Pode levá-lo consigo às consultas de ginecologia e mostrar-lhe o seu boletim de grávida e partilhar como a criança está a crescer. Pode convidá-lo a acariciar a barriga, a sentir os movimentos e até a falar com a criança. Aliás, as crianças conseguem ouvir vozes e sons muito cedo — por isso, também irão guardar na memória a voz do pai.
  • Muitos homens sentem-se mais ligados quando podem fazer algo de concreto — por si e pela criança. Talvez ele tenha vontade de ajudar a preparar o quarto, montar mobiliário ou participar consigo em cursos de preparação para o parto. Experiências partilhadas, assim como a escolha do nome, podem reforçar a ligação emocional dele à criança — e fortalecer também a relação entre ambos. O que poderá combinar com o modo de ser dele?
  • Em qualquer circunstância, não deve ser motivo de crítica o facto de o companheiro viver a gravidez de forma diferente da mulher. Ele construirá a sua própria ligação à criança — uma ligação que pode ser diferente da sua, mas não por isso menos valiosa.

A mulher tem a possibilidade de envolver activamente o companheiro durante a gravidez e após o nascimento. Pode ajudá-lo a criar a sua própria ligação à criança. Faz-lhe bem sentir que a mulher reconhece e expressa confiança no seu papel como pai.

A unidade entre mãe e criança

Para muitos homens, pode ser um desafio ver como a mulher está profundamente ligada à criança. Enquanto a mulher vive esta unidade como algo natural e belo, o homem pode sentir-se inseguro ou até um pouco de fora. Alguns acabam por se afastar, simplesmente porque não sabem bem como participar. Muitas vezes, o homem sente um respeito genuíno e cuidadoso por esta ligação entre a mulher e a criança. Pode até querer protegê-la — e por isso envolver-se menos. Faz isso com a melhor das intenções, mas também isso pode despertar insegurança.

Há mulheres que, durante a gravidez, se sentem plenamente realizadas, quase como se estivessem “nas nuvens”. Esse entusiasmo, no entanto, pode despertar receios no homem: “Continuo a ser importante? A nossa relação mantém o mesmo valor?” Muitas mulheres não se apercebem destas dúvidas quando estão tão envolvidas na alegria deste novo momento. Ao mesmo tempo, o comportamento do homem pode facilmente ser interpretado como desinteresse.


Dicas para a relação:

  • Falar de forma aberta com o companheiro sobre os próprios sentimentos e desejos pode fortalecer muito a relação. Mostrar-lhe que continua a ser alguém essencial na vida da mulher — mesmo agora, quando muito gira em torno da criança — pode trazer-lhe segurança.
  • Sinalizar ao companheiro que a mulher precisa dele ao seu lado e explicar-lhe de forma concreta como ele a pode apoiar pode ser muito valioso. Por exemplo, partilhar o quanto faz bem receber um abraço ou como pequenos gestos de atenção podem fortalecer (uma massagem no pescoço, ajudar a transportar sacos das compras…). Ele deseja apoiá-la.
  • Dar-lhe espaço para assumir tarefas de apoio e proteção, sempre de acordo com aquilo que faz sentido para a mulher, para a relação e para o modo de ser dele. Pode ajudar torná-lo consciente de que é igualmente importante para a criança e que tem também um papel fundamental.
  • Expressar confiança e, por vezes, agradecer ao companheiro por suportar as oscilações de humor, as náuseas ou outros desconfortos — e por estar simplesmente ao lado da mulher. Ele é um apoio importante.

Mesmo uma mulher forte e autónoma aprecia gestos de atenção e apoio por parte do companheiro. Não se trata sempre da questão de que papéis a mulher e o homem devem assumir. Trata-se, isso sim, de reconhecer que gestos de atenção, ajuda e ternura são essenciais para qualquer relação duradoura.

Tornar-se pais e continuar a ser um casal unido

Durante a gravidez, é natural que muita coisa passe a girar em torno da criança. Especialmente no caso do primeiro filho, muita coisa se reorganiza, porque mulher e homem deixam de ser apenas um casal para se tornarem também pais. A grande tarefa está em continuarem, ao mesmo tempo, a ser um casal unido. É importante que, já durante a gravidez, exista essa coesão na relação, para que mais tarde possam enfrentar juntos a responsabilidade de serem pais.
Principalmente quando o homem ainda não consegue imaginar como será o seu papel enquanto pai, torna-se essencial para ele ter um ponto de referência sólido — e esse ponto é a relação. Ajudá-lo a perceber que podem viver esta nova etapa como uma equipa, permanecendo juntos enquanto casal, oferece-lhe segurança e confiança para tudo o que está por vir. E provavelmente, para a mulher, esse sentimento é muito semelhante : )


Dicas para a relação:

  • O tempo da gravidez é uma fase de transição — não só para a parentalidade, mas também para uma nova dinâmica na relação. Para que o casal não se perca de vista, é importante criar momentos a dois, também enquanto casal que cultiva a sua ligação afetiva.
  • Talvez pudessem voltar a fazer um jantar romântico, uma pequena saída, um passeio ou algo que, antes da gravidez, lhes fazia bem e fortalecia a relação.
  • Falar sobre receios e alegrias, sem julgamentos, pode aproximar ainda mais o casal. Demonstrar carinho de forma consciente, mesmo quando o dia-a-dia se torna exigente, ajuda a manter a relação viva.
  • Alegrar-se! No meio das preocupações e do ritmo acelerado do quotidiano, é importante não perder de vista o essencial. Está prestes a começar uma etapa nova e maravilhosa, que poderão viver de uma forma que faça sentido para ambos.
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Mudança de perspetiva: É assim que o homem vê o momento do nascimento e o período que se segue

Ao lado da mulher — um apoio firme

A mulher pode encarar o momento do parto com sentimentos mistos, mas sabe, de uma forma muito profunda, que conseguirá atravessar essa experiência. Durante a gravidez, vai percebendo que pode confiar no próprio corpo e que grande parte do processo acontece quase de forma natural — é um sistema que sabe funcionar.

O homem, por sua vez, sente-se muitas vezes numa posição mais observadora. Por isso, pode surgir insegurança sobre a melhor forma de acompanhar a mulher durante o parto. Muitos homens sentem-se impotentes, porque não podem retirar-lhe a dor ou o esforço associados ao parto. Mas é precisamente aí que reside a sua força: estar presente e ser um apoio firme.

Para muitos homens, a gravidez e o parto são momentos em que passam a ver a mulher com um novo olhar. Testemunham a força com que ela enfrenta cada desafio e sentem admiração pela sua coragem e pela sua perseverança. Esse sentimento de respeito e reconhecimento pode aprofundar a ligação entre ambos.

Mesmo quando o homem percebe a mulher como alguém muito forte — alguém que, no fundo, conseguiria ultrapassar tudo sozinha — continua a ser importante, para a mulher, sentir que o companheiro está ali ao seu lado.


Dicas para a relação:

  • Partilhar previamente com o companheiro aquilo que é importante para a mulher pode ajudá-lo a sentir-se mais seguro. Encorajá-lo a simplesmente estar presente — porque, muitas vezes, a presença dele é o que mais valor tem.
  • Dizer ao companheiro o quanto a sua simples presença durante o parto significa e como isso poderá ajudar. Os homens podem transmitir segurança através de pequenos gestos, como acompanhar exercícios de respiração ou ter à mão elementos familiares na sala de parto, como música ou alguns snacks.
  • Também podem, juntamente com a parteira, elaborar um plano de parto que traga mais segurança aos dois. Muitas vezes, ajuda a mulher sentir o companheiro ali ao lado — próximo da cabeça — para poder olhá-lo e sentir-lhe a mão.
  • Mesmo que hoje em dia muitos pais acompanhem o nascimento, podem existir motivos para que ele não esteja presente. Nestes casos, é essencial que o casal consiga falar abertamente sobre o assunto.

Encontrar o papel como pai

O primeiro filho transforma a vida de uma forma difícil de imaginar antecipadamente — tanto para a mulher como para o homem. E mesmo no caso de um segundo ou terceiro filho, há sempre aspetos imprevisíveis no novo quotidiano familiar. Enquanto a mulher, através da gravidez e do parto, vive uma preparação profunda para o papel de mãe, pode ser mais desafiante para o homem encontrar-se cedo no seu papel de pai.

A mulher tem, por assim dizer, uma “vantagem de competência”. Durante a gravidez, atravessa mudanças físicas e emocionais muito intensas. Sente que dentro de si está tudo preparado para responder às necessidades da criança — desde a alimentação através da amamentação até à capacidade intuitiva de cuidar. Estas experiências oferecem a muitas mulheres um sentido de segurança interior e uma ligação profunda ao seu bebé.

Após o nascimento, a mãe continua, numa primeira fase, a ser a figura de referência mais importante para a criança — especialmente durante o período pós-parto. A proximidade física, a amamentação e o contato direto criam um vínculo muito forte. Tanto a mãe como a criança precisam de encontrar, juntas, o próprio ritmo para tudo. Ainda assim, é muito positivo que cada vez mais pais desejem fazer parte desta fase tão inicial e apoiar a sua companheira. Para que isso aconteça de forma harmoniosa, é importante abrir com delicadeza essa forte unidade entre mãe e criança, permitindo que o pai construa também a sua própria relação com a criança. Ao mesmo tempo, continua a ser essencial que ambos se percebam como uma equipa — enquanto pais e enquanto casal.

Por vezes, algumas mulheres sentem tanta alegria e realização no tempo passado com a criança que, sem intenção, acabam por deixar menos espaço para o pai viver esses momentos. Ou surge a dúvida sobre se o companheiro desempenhará determinadas tarefas com a mesma segurança. Estas situações podem fazer com que o pai se afaste, se sinta menos confiante ou até emocionalmente ferido.
É importante compreender que, apesar de as mães terem essa “vantagem inicial” e de a relação mãe-criança continuar a ser muito significativa, os pais aprendem com a mesma rapidez a lidar com a criança. Com paciência, confiança e encorajamento, também eles desenvolvem uma sensibilidade própria para as necessidades do bebé — à sua maneira, e de forma igualmente valiosa.


Dicas para a relação:

O nascimento não é apenas o início de uma nova vida, mas também um momento em que o casal pode aproximar-se ainda mais. Ao apoiarem-se mutuamente e ao manterem o respeito entre si, podem enfrentar os desafios e descobrir-se de novo enquanto pais.

  • Integrar o companheiro após o nascimento pode ser muito valioso. O companheiro aprenderá rapidamente como pegar na criança ou como mudar a fralda.
  • Permitir que ele tenha tempo a sós com a criança, por exemplo, através do contato pele com pele, pode fortalecer muito a ligação entre ambos. Logo após o parto, a criança precisa de muito calor e segurança — e também o pai pode oferecer isso.
  • Dizer ao companheiro o quanto a mulher precisa dele neste momento e de que forma ele a pode apoiar pode trazer mais harmonia e clareza a esta fase tão sensível.
  • Se o companheiro parecer menos interessado na criança, abordá-lo com ternura pode ajudar. Procurar compreender os sentimentos dele e explicar como esta situação faz a mulher sentir-se pode abrir espaço para mais proximidade. Continuar a transmitir-lhe confiança e carinho pode reforçar o papel dele enquanto pai e enquanto parceiro.

Cabe à mulher permitir, de forma contínua, que o homem cuide da criança e que ambos tenham tempo juntos. Assim, pode nascer uma relação única entre eles. E ambos podem descobrir-se como uma equipa de pais, o que traz uma nova dimensão à vossa relação.

Cada fase tem o seu encanto

Nem todos os homens se sentem de imediato à vontade na fase do recém-nascido. Alguns pais só constroem uma ligação mais forte quando a criança já está na idade de explorador, quando podem brincar, correr ou viver pequenas aventuras juntos. Isso é perfeitamente natural. Tal como também é natural que nem todas as mães vivam a fase do bebé como a mais gratificante: algumas apreciam mais a fase do pequeno explorador, outras sentem-se especialmente confiantes na educação de adolescentes. Não existe uma fase “certa” ou “errada” para que cada progenitor floresça. O importante é aceitar e valorizar estas preferências individuais.

Para a criança, é de valor incalculável receber carinho e amor de formas diferentes, tanto da mãe como do pai. Essa diversidade enriquece o desenvolvimento e mostra-lhe que pode ser amada de várias maneiras. O que é diferente não é menos valioso — pelo contrário, o cuidado materno e o cuidado paterno complementam-se e criam um alicerce seguro que acompanha a criança ao longo da vida.

Além disso, a criança observa quando a mãe e o pai se amam, se tratam com delicadeza e se apoiam mutuamente. Isso transmite-lhe a maior segurança possível e torna-se uma verdadeira aprendizagem afetiva. Quem investe na relação, investe automaticamente na criança.

Encontrar o papel de mãe e de pai é, por isso, um processo que requer tempo, paciência e abertura. Quando ambos se apoiam, criam espaço para a ligação e reconhecem a singularidade um do outro, a família cresce unida — forte e cheia de amor. No fim, o mais importante é que a criança possa sentir, da parte de ambos: “Sou amada.”


Dicas para a relação:

  • Falar abertamente sobre como cada um se sente após o parto e nos primeiros tempos com a criança pode aproximar o casal. Especialmente no período pós-parto, a mulher vive emoções intensas e muito variáveis.
  • Descobrir juntos como funcionam enquanto equipa. Que tarefas gosta cada um de assumir enquanto pais? Onde se sente cada um mais seguro e competente — e em que momentos poderá ser necessária alguma ajuda, até mesmo externa?
  • Tentar, logo que possível, encontrar um pequeno momento da semana que pertença apenas ao casal. Com uma criança tão pequena, isso pode ser difícil, mas é importante não cair apenas na rotina parental. Manter a ligação enquanto casal, por exemplo conversando regularmente sobre como cada um se sente, pode fazer uma grande diferença.

Desejamos-lhe, e a ambos, tudo de bom! ❤️

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Autores & Fontes

Autora

Yvonne Onusseit
licenciada em Pedagogia

Tradução
Tatiana Bettencourt

Revisão:

Equipa de psicólogos e assistentes sociais

Fontes

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